Design: a poética em estado bruto

O presente livro divide-se em tr s cap tulos: o design e o seu nome (I), o design e os seus usos (II) e, por fim, o design e os seus jogos (III). Ao fim e ao cabo, a abordagem persegue tr s vectores essenciais: a subst ncia do design, a significa o irradiada pelo design e o tipo de agenciamento criativo que o design prop e em m ltiplas esferas da nossa vida. Entendamo-nos: o design somos n s pr prios revisitados. Formas espec ficas e acenos est ticos acasalam, na casa do design, com uma democracia quase intuitiva que todos partilhamos. por isso que o design n o apenas uma esp cie de revestimento dos objectos culturais. Ele sobretudo a dan a que percorre o modo com que nos olhamos ao espelho, numa sociedade em que o corpo j n o apenas um organismo. O corpo passou a projectar-se para muito longe de si mesmo. Digo uma palavra em Singapura ao mesmo tempo que o ipad me d ao dedo a simula o de uma viagem celeste. E, no entanto, continuo serenamente em Portugal sentado numa cadeira que n o apenas uma cadeira. O som da palavra, o dedo, a viagem e o objecto amb guo onde me sento s o partes de um polvo de prazer que nada tem de org nico. Trata-se antes de uma constru o bem mais vasta de que fa o parte e onde interfiro. O design cresce neste tipo de territ rios f rteis onde nos revisitamos sempre que agimos. O design n o necessita de reflex o, por isso mesmo: ele imp e-se ao declarar-se. por isso que eu escolho este site e n o aquele, por isso que eu escolho estas meias e n o aquelas, por isso que eu escolho esta palavra e n o aquela (o design tamb m se gera por dentro da literatura, verdade). Ainda que o design n o necessite de reflex o, a verdade que este pequeno livro acaba por marcar um encontro com a reflex o sobre o design. Espero que seja til e que crie sintonias interessantes. esse apenas o meu desejo.